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Mostrando postagens de maio, 2008

Uma leitura de Vanoye: aspectos iniciais para entender a linguagem escrita

Referência bibliográfica: VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. Podemos medir a quantidade de informação de uma mensagem independentemente de seu sentido. Isso equivale a dizer que a quantidade de informação está diretamente ligada à sua probabilidade: quanto mais imprevisível for a mensagem, maior será sua quantidade de informação. Além disso, se o grau de probabilidade da mensagem for grande e se seus signos forem facilmente identificáveis, a informação será pequena (ou até nula) e sua identificação será fácil e rápida. Por outro lado, se a mensagem for excessivamente surpreendente, a probabilidade de haver informação corre o risco de ser nula também! É por isso que podemos afirmar que a mensagem mais econômica é aquela que veicula o maior número de informações com o menor número de signos e cujas informações comportam o máximo possível de originalidade. Precis

Uma leitura de Vanoye: a escolha de palavras e a expressividade na linguagem escrita

Referência bibliográfica: VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. LÉXICO é o conjunto de palavras de uma língua peculiar a um grupo social ou a um indivíduo. Na prática, uma pessoa conhece apenas uma pequena parte desse vasto conjunto e, ao falar ou escrever, emprega apenas uma fração do que conhece. Ao escolher determinadas palavras para compor seu discurso, o indivíduo está fazendo uma SELEÇÃO LÉXICA para imprimir o sentido desejado àquilo que quer comunicar. Ao estudo do sentido das palavras dá-se o nome de SEMÂNTICA, que é o saber que tenta distinguir os diversos aspectos do sentido dado a uma palavra. Alguns desses aspectos são: a) o aspecto cognitivo (baseado no conhecimento objetivo); b) o aspecto afetivo (baseado nos sentimentos pessoais); c) o aspecto denotativo (que remete ao significante); d) e o aspecto conotativo (que sugere ou evoca algo subliminar). A comunicação p

Uma leitura de Vanoye: a retórica, suas figuras e funções

Referência bibliográfica: VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. A retórica ou a arte do bem falar consistia em um conjunto de técnicas destinadas a regrar a organização do discurso de acordo com os objetivos a serem atingidos. Era um meio de chegar ao domínio da linguagem verbal. Só que, com o tempo, a retórica se reduziu a uma técnica de ornamentação do discurso, tornando-se sinônimo de afetação ou de declamação falsa. De uns tempos para cá, o estudo sobre esta técnica tem deixado de lado seus aspectos pejorativos. Como ensina a compor e a organizar o discurso, a retórica faz distinção entre várias etapas. Vamos a elas: 1) encontrar o que se vai dizer, ou seja, encontrar argumentos; 2) dispor os argumentos numa ordem que depende do objetivo traçado, ou seja, dispor os argumentos com a intenção de informar; 3) construir um plano de trabalho e cuidar da elaboração do discurso, tendo

Para entender estrelas e textos: aspectos introdutórios sobre a produção de discurso

Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. De acordo com o autor Antônio Suárez Abreu, o discurso pode ser comparado às estrelas. Olhando para elas, estamos avistando o passado, uma vez que aquilo que vemos é a luz emitida por elas há milhões de anos. Mesmo que não existam mais, ainda podemos vê-las através dessa luz emitida em tempos remotos. Ao lermos um texto, esse processo se repete com o discurso que há nele: o sentido emitido pelo escritor só se completa quando suas palavras chegam até nós. Tal e qual a luz das estrelas, o discurso é dinâmico: pode ser repetido infinitamente, sem

Para entender estrelas e textos: coesão e coerência

Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. Dizem por aí que as estrelas estão expostas a um balanço de forças: gravidade e expansão. É justamente a força de gravidade que atua como forma de coesão das partículas de uma estrela. Um texto também está exposto a determinadas formas de COESÃO (que, obviamente, não têm nada a ver com a gravidade!). Ou seja: um texto não é simplesmente uma unidade constituída por uma soma de sentenças e/ou palavras e sim pelo ENCADEAMENTO SEMÂNTICO delas. Este encadeamento forma uma TRAMA SEMÂNTICA à qual damos o nome de TEXTUALIDADE. Assim, podemos afirmar

Para entender estrelas e textos: a polifonia

Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. Quando produzimos um texto, nem sempre somos a única voz presente. Podemos colocar, explicitamente ou de forma indireta, uma ou mais pessoas falando além de nós. Isso é facilmente verificável em matérias e reportagens de jornais e revistas, nas quais o repórter, ao narrar um acontecimento, introduz a voz de seus participantes e observadores. Para introduzir a voz de outra pessoa em nosso texto, é comum usarmos verbos como dizer, explicar ou afirmar, além de outros não tão neutros como enfatizar, advertir, ponderar ou confidenciar. D

Para entender estrelas e textos: narração, descrição e dissertação

Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. Bem... Já está claro para nós que o que identifica a natureza de um texto é a sua intencionalidade. É a partir da refacção do percurso enunciação-texto que o leitor vai decodificar a intenção de quem o produziu, vai entender o que é relevante em termos ilocucionais. Grosso modo, podemos dizer que, para comunicar sua intenção, o emissor pode redigir em três formatos diferentes: narração, descrição ou dissertação. Ou seja: um texto pode apenas querer contar uma história real ou fictícia, descrever algo/alguém ou persuadir sobre algum assunto. Essa divisão,

Para entender estrelas e textos: linguagem e enunciação

Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986. Depois da abordagem sobre as FUNÇÕES DA LINGUAGEM e sobre a importância do ATO ILOCUCIONAL ou ENUNCIAÇÃO, bem como das características da narração, da descrição e da dissertação, vamos entender como todo este blá-blá-blá se conjuga durante a redação. Essa conjugação pode se dar de várias formas. Aqui, três serão abordadas: 1) a mensagem puramente referencial e o texto informativo; 2) a função fática e a comunicabilidade do texto; 3) a expressão do juízo na resenha crítica. Na mensagem puramente referencial, como o próprio nome já

A pirâmide invertida e o lide

Se produzir o texto de uma notícia é contar uma história, então, é preciso estar atento aos elementos que constituem uma narrativa: fato, tempo, lugar, causa, modo, personagens, conseqüência. Eles estão presentes em QUALQUER história que a gente conte, seja ela real, fictícia, científica, religiosa etc. São estes elementos que, no jargão jornalístico, são denominados como o que, quando, onde, porque, como e quem. A peculiaridade da NARRATIVA NOTICIOSA está no fato de que a história contada não se estrutura a partir da ordem cronológica dos acontecimentos. Ou seja: ao noticiarmos um acontecimento, não contamos esta história na ordem temporal clássica das ações que o compõem. É por isso que dizemos que a notícia é formatada pela PIRÂMIDE INVERTIDA. Por que invertida? Porque se a história noticiosa fosse formata pela pirâmide normal, o fato seria relatado em sua ordem cronológica. Mas, “inverter a pirâmide” não significa narrar o acontecido de trás para frente. Longe disso. “Inverter a pi

Técnicas redacionais em jornalismo impresso

A seleção, a organização e a valorização dos elementos do lide irão capitanear a narrativa jornalística. De acordo com Mário Erbolato, isto dará origem a dois tipos diferentes de notícia: a notícia ANALÍTICA e a notícia SINTÉTICA. A saber: notícia analítica contém todos os elementos da narrativa, se configura através da fórmula NA = 3Q + O + P + C, sendo Q = que, quem, quando; O = onde; P = porque; C = como; notícia sintética- contém apenas os elementos básicos da narrativa, se configura através da fórmula NS = 3Q, sendo Q = que, quem, quando. Seja lá qual for o tipo de notícia que você estiver escrevendo, o importante é ter em mente que a produção do texto jornalístico impresso requer uma técnica. É, redigir é uma técnica que implica o domínio de capacidades lingüísticas e um processo intelectual que envolve a formulação de pensamentos (o que se quer dizer) e sua expressão por escrito (a composição do texto). Por isso, a redação tem etapas. Vejamos: 1. definir o tema do discurso-

Tipologia e formatação do texto jornalístico impresso

Quase todo mundo tem uma tia “figuraça”. Eu tenho várias (e sou uma delas para sete “anjnhos”). Uma dessas minhas tias - leitora ávida de jornais e revistas, telespectadora assídua de novelas e, conseqüentemente, meu primeiro estudo de caso - volta e meia se indignava com algo que considerava inverossímel no telejornal nacional das oito. Sempre que isto acontecia, ela me pedia: “Filha, escreve um artigo aí no teu jornal falando desse absurdo! Onde já se viu uma coisa dessas? Escreve um artigo aí, filha, mas escreve logo para amanhã porque hoje mesmo aconteceu justamente o contrário comigo e com o pessoal aqui da rua!”. O que a minha tia e a tia de muita gente queria dizer com a palavra “artigo”, na verdade, significava MATÉRIA FACTUAL. Pois é, o jornalismo tem essas coisas. Nem todo muito sabe fazer uma cirurgia de coração ou sabe construir uma ponte ou sabe redigir uma petição; nem todo mundo tem um estetoscópio ou uma betoneira ou uma carteira da OAB em casa. Mas a maioria das pessoa

A redação das informações em destaque nos veículos impressos

Produzir um texto é fazer nascer uma trama. Tal e qual os bebês, é preciso que o texto jornalístico tenha nascido para que a gente possa “nomeá-lo”. Até dá para arriscar este ou aquele título enquanto o texto está sendo “gerado”. Mas é só depois que ele está pronto e editado que o título se torna definitivo – mais ou menos como acontece quando um bebê que se chamaria Bernardo nasce com cara de Rafael. O mesmo acontece com as fotografias, com o destaque da capa do jornal e com aqueles trechos que queremos salientar. Titular é chamar a atenção do leitor através do destaque dado à informação principal do texto jornalístico. Mas este tipo de destaque não anda sozinho. Ele vem acompanhado de subtítulo, entretítulo, olho, manchete, selo e “sutiã”. O mesmo acontece com as fotografias: elas precisam estar prontas e editadas para que a gente possa redigir a legenda ou o texto-legenda. E, ao lado disso tudo, ainda há as eventuais chamadas de capa. Cada um destes destaques é elaborado a partir de