Para entender estrelas e textos: coesão e coerência
Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986.
Dizem por aí que as estrelas estão expostas a um balanço de forças: gravidade e expansão. É justamente a força de gravidade que atua como forma de coesão das partículas de uma estrela. Um texto também está exposto a determinadas formas de COESÃO (que, obviamente, não têm nada a ver com a gravidade!). Ou seja: um texto não é simplesmente uma unidade constituída por uma soma de sentenças e/ou palavras e sim pelo ENCADEAMENTO SEMÂNTICO delas. Este encadeamento forma uma TRAMA SEMÂNTICA à qual damos o nome de TEXTUALIDADE. Assim, podemos afirmar que o encadeamento semântico que produz textualidade é chamado de COESÃO.
É através da coesão que recuperamos, em uma sentença (B), um termo presente em uma sentença (A). Na língua oral, a maioria das pessoas constrói a textualidade razoavelmente bem. Mas, quando se trata de escrever um texto, repetimos de forma feia e desagradável palavras como “mesmo(a)” e “referido(a)”. Não é difícil evitar isso: basta usarmos os MECANISMOS DE COESÃO da nossa língua para construirmos a textualidade. Vejamos alguns deles:
1) coesão por referência- se dá através de pronomes pessoais (ele, ela), pronomes desmonstrativos (esse, isto), advérbios de lugar (lá), artigos definidos;
2) coesão por elipse- quando uma palavra retoma um elemento anterior citando-o de forma subentendida;
3) coesão lexical- é a utilização de palavras ou expressões sinônimas que retomam um elemento já citado;
4) coesão por metonímia ou substituição- quando utilizamos a parte pelo todo ou o todo pela parte.
Estes quatro mecanismos de coesão (por referência, por elipse, lexical e por metonímia) são chamados de COESÃO TEXTUAL POR ARTICULAÇÃO SEMÂNTICA. Além de evitar o uso das palavras “mesmo(a)”e “referido(a)”, a coesão por articulação semântica também evita um ato ilocucional que a retórica chama de anáfora: a repetição pura e simples de um mesmo termo em todas as sentenças.
Agora, vamos passar para a COESÃO TEXTUAL POR ARTICULAÇÃO SINTÁTICA. Seus mecanismos podem ser divididos em cinco:
1) articulação sintática de oposição- se dá pela coordenação adversativa ou pela subordinação concessiva; a coordenação adversativa implica a utilização de articuladores como o mas, que significa oposição; já a subordinação concessiva é feita através do uso de articuladores como ainda que e apesar de, expressões que, quando usadas no início de uma sentença, já dão ao leitor uma idéia de oposição ao que está sendo afirmado;
2) articulação sintática de causa- seus principais articuladores podem ser conjunções e locuções conjuntivas como porque, como, já que ou preposições e locuções prepositivas como devido a, em conseqüência de;
3) articulação sintática de condição- seu principal articulador é o se, mas ela também se dá através de palavras e expressões como caso, desde que, a menos que e a não ser que;
4) articulação sintática de fim- a maneira mais comum de manifestar finalidade é através do uso do para, mas os articuladores a fim de, com o propósito de, com a intenção de e com o objetivo de também podem ser usados;
5) articulação sintática de conclusão- para articular uma conclusão, então, assim, por isso e de modo que podem ser usados.
Nós já estudamos o fato de o discurso ser um processo dinâmico que envolve a codificação por parte do emissor e a decodificação por parte do receptor. Tanto uma como outra envolvem a enunciação, ou seja, a decodificação implica que o leitor (receptor) refaça este discurso. É justamente na refacção deste percurso que reside a COERÊNCIA de um texto: se o leitor foi capaz de interpretar a intenção de quem escreveu, então, este texto tem coerência.
Sobre isso, vale a pena lembrar um fato curioso que ocorria durante os anos da ditadura militar no Brasil. Na década de 70, o Jornal da Tarde costumava publicar receitas culinárias toda vez que uma matéria era censurada. A maioria dos leitores entendia a intenção com que isso era feito. Assim, a publicação de uma receita de bolo de laranja no meio do caderno de política tinha coerência: o leitor compreendia que, ali, uma informação havia sido censurada.
Dizem por aí que as estrelas estão expostas a um balanço de forças: gravidade e expansão. É justamente a força de gravidade que atua como forma de coesão das partículas de uma estrela. Um texto também está exposto a determinadas formas de COESÃO (que, obviamente, não têm nada a ver com a gravidade!). Ou seja: um texto não é simplesmente uma unidade constituída por uma soma de sentenças e/ou palavras e sim pelo ENCADEAMENTO SEMÂNTICO delas. Este encadeamento forma uma TRAMA SEMÂNTICA à qual damos o nome de TEXTUALIDADE. Assim, podemos afirmar que o encadeamento semântico que produz textualidade é chamado de COESÃO.
É através da coesão que recuperamos, em uma sentença (B), um termo presente em uma sentença (A). Na língua oral, a maioria das pessoas constrói a textualidade razoavelmente bem. Mas, quando se trata de escrever um texto, repetimos de forma feia e desagradável palavras como “mesmo(a)” e “referido(a)”. Não é difícil evitar isso: basta usarmos os MECANISMOS DE COESÃO da nossa língua para construirmos a textualidade. Vejamos alguns deles:
1) coesão por referência- se dá através de pronomes pessoais (ele, ela), pronomes desmonstrativos (esse, isto), advérbios de lugar (lá), artigos definidos;
2) coesão por elipse- quando uma palavra retoma um elemento anterior citando-o de forma subentendida;
3) coesão lexical- é a utilização de palavras ou expressões sinônimas que retomam um elemento já citado;
4) coesão por metonímia ou substituição- quando utilizamos a parte pelo todo ou o todo pela parte.
Estes quatro mecanismos de coesão (por referência, por elipse, lexical e por metonímia) são chamados de COESÃO TEXTUAL POR ARTICULAÇÃO SEMÂNTICA. Além de evitar o uso das palavras “mesmo(a)”e “referido(a)”, a coesão por articulação semântica também evita um ato ilocucional que a retórica chama de anáfora: a repetição pura e simples de um mesmo termo em todas as sentenças.
Agora, vamos passar para a COESÃO TEXTUAL POR ARTICULAÇÃO SINTÁTICA. Seus mecanismos podem ser divididos em cinco:
1) articulação sintática de oposição- se dá pela coordenação adversativa ou pela subordinação concessiva; a coordenação adversativa implica a utilização de articuladores como o mas, que significa oposição; já a subordinação concessiva é feita através do uso de articuladores como ainda que e apesar de, expressões que, quando usadas no início de uma sentença, já dão ao leitor uma idéia de oposição ao que está sendo afirmado;
2) articulação sintática de causa- seus principais articuladores podem ser conjunções e locuções conjuntivas como porque, como, já que ou preposições e locuções prepositivas como devido a, em conseqüência de;
3) articulação sintática de condição- seu principal articulador é o se, mas ela também se dá através de palavras e expressões como caso, desde que, a menos que e a não ser que;
4) articulação sintática de fim- a maneira mais comum de manifestar finalidade é através do uso do para, mas os articuladores a fim de, com o propósito de, com a intenção de e com o objetivo de também podem ser usados;
5) articulação sintática de conclusão- para articular uma conclusão, então, assim, por isso e de modo que podem ser usados.
Nós já estudamos o fato de o discurso ser um processo dinâmico que envolve a codificação por parte do emissor e a decodificação por parte do receptor. Tanto uma como outra envolvem a enunciação, ou seja, a decodificação implica que o leitor (receptor) refaça este discurso. É justamente na refacção deste percurso que reside a COERÊNCIA de um texto: se o leitor foi capaz de interpretar a intenção de quem escreveu, então, este texto tem coerência.
Sobre isso, vale a pena lembrar um fato curioso que ocorria durante os anos da ditadura militar no Brasil. Na década de 70, o Jornal da Tarde costumava publicar receitas culinárias toda vez que uma matéria era censurada. A maioria dos leitores entendia a intenção com que isso era feito. Assim, a publicação de uma receita de bolo de laranja no meio do caderno de política tinha coerência: o leitor compreendia que, ali, uma informação havia sido censurada.
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