Para entender estrelas e textos: narração, descrição e dissertação
Referências bibliográficas: ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Editora Ática, 2003. / GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Editora Scipione, 1999. / SOUZA, Luiz Marques de. & CARVALHO, Sérgio Waldeck. Compreensão e produção de textos. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. / VANOYE, Francis. Usos da linguagem – Problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1986.
Bem... Já está claro para nós que o que identifica a natureza de um texto é a sua intencionalidade. É a partir da refacção do percurso enunciação-texto que o leitor vai decodificar a intenção de quem o produziu, vai entender o que é relevante em termos ilocucionais. Grosso modo, podemos dizer que, para comunicar sua intenção, o emissor pode redigir em três formatos diferentes: narração, descrição ou dissertação. Ou seja: um texto pode apenas querer contar uma história real ou fictícia, descrever algo/alguém ou persuadir sobre algum assunto. Essa divisão, porém não é tão rígida: a partir das características de cada uma dessas formas, veremos como elas podem se misturar.
Narração
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Em outras palavras: narrar é contar uma história real ou imaginária. O narrador pode se colocar na primeira pessoa (narrador-personagem) ou na terceira pessoa (narrador-observador).
Definido o tipo de narrador, é preciso conhecer e definir os elementos básicos presentes em qualquer narrativa. Invariavelmente, eles são sete:
1) fato- o que vai ser narrado;
2) tempo- quando este fato narrado ocorreu;
3) lugar- onde este fato se deu;
4) personagens – quem participou do ocorrido ou o observou;
5) causa- o motivo, o porquê do ocorrido;
6) modo- como se deu o fato;
7) conseqüências- os desdobramentos possíveis ou esperados a partir do que ocorreu.
A partir da definição desses elementos, podemos observar que a narrativa conta um fato se passou em um determinado tempo e em um determinado lugar. Como toda narrativa pressupõe uma ação, esta ação foi praticada e/ou sofrida por determinados personagens. Tudo o que essas pessoas fizeram ou sofreram teve uma causa, ou seja, envolveu determinadas circunstâncias. Por isso, é necessário explicar o modo como o fato ocorreu. E este fato, por sua vez, tem também conseqüências que devem ser observadas. Conhecidos esses elementos, basta organizá-los para elaborar a narração.
Mas... De forma podemos elaborá-la?!
Basicamente, podemos elaborar uma narração de duas maneiras: subjetivamente ou objetivamente. Na narrativa subjetiva os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. Nela, é possível perceber claramente a posição sensível e emocional do narrador ao relatar os acontecimentos. Em uma narração subjetiva, o fato não é narrado de modo frio e impessoal: ao contrário, ele é contado de forma que os efeitos psicológicos desencadeados nos personagens e as emoções do narrador estejam em evidência.
Com a narrativa objetiva ocorre exatamente o oposto. Nela, o narrador vai estar sempre fora da ação: ele é um observador que se limita a contar os fatos sem deixar que seus sentimentos e emoções transpareçam durante o que está sendo contado. É exatamente isso o que verificamos em matérias e reportagens de jornais e revistas, nas quais os jornalistas apenas informam os fatos, sem que seu discurso se envolva emocionalmente com o que estão noticiando. Este tipo de narrativa tem sempre um cunho impessoal e direto.
Descrição
A descrição é o tipo de redação através da qual se apontam as características que compõem um determinado objeto, pessoa, ambiente, paisagem ou cena. Para descrever um objeto, é preciso, antes, definir de que tipo ele é: constituído de uma única parte ou constituído por uma reunião de várias partes. Por exemplo: um objeto constituído por uma única parte pode ser um cinzeiro, um clipe de papel ou um pedaço de giz. Nesse caso, quem descreve deverá observar características como formato, dimensão, material, peso, cor e textura. Já um objeto constituído de várias partes pode ser uma caneta, um aparelho de TV ou uma cadeira. Aí, a descrição deverá levar em conta não só formato, dimensão, material, peso, cor e textura como também deverá enumerar suas partes e explicar o caráter geral referente à sua utilização.
Vamos, agora, à descrição de pessoas.
Descrever alguém não é tão simples quanto parece porque vários fatores devem ser levados em conta. Esses fatores se agrupam de duas formas: características físicas e características psicológicas. As características físicas se referem à aparência externa: altura, peso, cor de olhos e cabelos, idade, traços do rosto, voz e jeito de se vestir. Já as características psicológicas se associam ao comportamento de quem está sendo alvo da descrição: personalidade, temperamento, caráter, preferências e postura em relação a si.
O importante é perceber que uma boa descrição de alguém deve levar em conta a maioria de suas características físicas e psicológicas, além de (com bom senso) tentar associá-las. Assim, estaremos fazendo o leitor visualizar ou reconhecer o personagem da descrição. Quem está descrevendo pode ou não incluir-se no texto em alguns momentos: o fundamental é criar um impacto logo de início e manter a atenção do leitor.
Já a descrição de ambientes, paisagens e cenas deve observar outros fatores. Antes de tudo, vamos diferenciar os três: ambiente vai ser sempre um lugar fechado; paisagem vai ser sempre um lugar aberto; e cena vai ser uma ação única e contínua que se passa em determinado ambiente ou paisagem.
Para descrever um ambiente, é bom começar escolhendo uma referência no todo: uma casa, um museu, um bairro, um hospital, uma cidade. Localizado o ambiente a ser descrito, a descrição também deve abordar não só suas características físicas como também sua atmosfera, ressaltando a impressão que causa em quem dele se aproxime. Com a descrição de paisagens, é importante começar explicando o que se enxerga como pano de fundo: relevo, topografia, vegetação, etc. A partir disso, a descrição deve abordar a impressão que esta paisagem causa em quem a contempla, mencionando se ela reflete beleza ou causa uma sensação desagradável. E a cena, por sua vez, deverá levar em conta não só as características físicas do cenário como também sua atmosfera e seu pano de fundo, para que a ação única que ali se dá fique bastante explícita para o leitor.
Com isso, você já deve ter percebido que o objetivo de um texto descritivo é bem semelhante ao que visamos com uma fotografia, ou seja: é necessário que o leitor veja as imagens mentais que foram descritas pela linguagem. Paralelamente á definição do que estamos descrevendo, é necessário também observar que descrição compreende dois estilos:
1) descrição informativa- usa a linguagem referencial, dando lugar apenas aos aspectos denotativos das palavras, eliminando as ambigüidades e sendo concisa;
2) descrição pessoal- conjuga aspectos denotativos com os de natureza conotativa, utilizando as metáforas e as impressões próprias de quem descreve.
E já que estamos falando de subjetividade, vamos passar à dissertação.
Dissertação
A dissertação é o tipo de redação na qual expomos nossas idéias gerais e apresentamos os argumentos que as comprovam. Em outras palavras: dissertar é, antes de tudo, argumentar. Expondo idéias e pensamentos por meio de argumentos, podemos construir um discurso de defesa ou de crítica sobre um tema específico.
O texto dissertativo se caracteriza por obedecer a duas exigências básicas: a exposição e a argumentação simultâneas daquilo que quem escreve pensa a respeito de determinado assunto. Ou seja: o autor situa um tema e discute-o, lança sua tese e suas conclusões e procura sempre fazer o leitor concordar com o seu ponto de vista. É por isso que dizemos que a dissertação é um texto expositivo-argumentativo.
Toda dissertação pressupõe um plano de trabalho, um roteiro. Grosso modo, ele pode ser divido em:
a) introdução- que consiste na apresentação do tema abordado através da exposição de idéias, opiniões e argumentos gerais de quem escreve;
b) desenvolvimento- é a análise subjetiva dos aspectos favoráveis e desfavoráveis acerca do tema abordado e sua relação com as idéias, opiniões e argumentos (desdobrados e explicados) de quem escreve;
c) conclusão- reafirmação das idéias, opiniões e argumentos de quem escreve a partir do que foi elaborado do desenvolvimento.
Bem... Já está claro para nós que o que identifica a natureza de um texto é a sua intencionalidade. É a partir da refacção do percurso enunciação-texto que o leitor vai decodificar a intenção de quem o produziu, vai entender o que é relevante em termos ilocucionais. Grosso modo, podemos dizer que, para comunicar sua intenção, o emissor pode redigir em três formatos diferentes: narração, descrição ou dissertação. Ou seja: um texto pode apenas querer contar uma história real ou fictícia, descrever algo/alguém ou persuadir sobre algum assunto. Essa divisão, porém não é tão rígida: a partir das características de cada uma dessas formas, veremos como elas podem se misturar.
Narração
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Em outras palavras: narrar é contar uma história real ou imaginária. O narrador pode se colocar na primeira pessoa (narrador-personagem) ou na terceira pessoa (narrador-observador).
Definido o tipo de narrador, é preciso conhecer e definir os elementos básicos presentes em qualquer narrativa. Invariavelmente, eles são sete:
1) fato- o que vai ser narrado;
2) tempo- quando este fato narrado ocorreu;
3) lugar- onde este fato se deu;
4) personagens – quem participou do ocorrido ou o observou;
5) causa- o motivo, o porquê do ocorrido;
6) modo- como se deu o fato;
7) conseqüências- os desdobramentos possíveis ou esperados a partir do que ocorreu.
A partir da definição desses elementos, podemos observar que a narrativa conta um fato se passou em um determinado tempo e em um determinado lugar. Como toda narrativa pressupõe uma ação, esta ação foi praticada e/ou sofrida por determinados personagens. Tudo o que essas pessoas fizeram ou sofreram teve uma causa, ou seja, envolveu determinadas circunstâncias. Por isso, é necessário explicar o modo como o fato ocorreu. E este fato, por sua vez, tem também conseqüências que devem ser observadas. Conhecidos esses elementos, basta organizá-los para elaborar a narração.
Mas... De forma podemos elaborá-la?!
Basicamente, podemos elaborar uma narração de duas maneiras: subjetivamente ou objetivamente. Na narrativa subjetiva os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. Nela, é possível perceber claramente a posição sensível e emocional do narrador ao relatar os acontecimentos. Em uma narração subjetiva, o fato não é narrado de modo frio e impessoal: ao contrário, ele é contado de forma que os efeitos psicológicos desencadeados nos personagens e as emoções do narrador estejam em evidência.
Com a narrativa objetiva ocorre exatamente o oposto. Nela, o narrador vai estar sempre fora da ação: ele é um observador que se limita a contar os fatos sem deixar que seus sentimentos e emoções transpareçam durante o que está sendo contado. É exatamente isso o que verificamos em matérias e reportagens de jornais e revistas, nas quais os jornalistas apenas informam os fatos, sem que seu discurso se envolva emocionalmente com o que estão noticiando. Este tipo de narrativa tem sempre um cunho impessoal e direto.
Descrição
A descrição é o tipo de redação através da qual se apontam as características que compõem um determinado objeto, pessoa, ambiente, paisagem ou cena. Para descrever um objeto, é preciso, antes, definir de que tipo ele é: constituído de uma única parte ou constituído por uma reunião de várias partes. Por exemplo: um objeto constituído por uma única parte pode ser um cinzeiro, um clipe de papel ou um pedaço de giz. Nesse caso, quem descreve deverá observar características como formato, dimensão, material, peso, cor e textura. Já um objeto constituído de várias partes pode ser uma caneta, um aparelho de TV ou uma cadeira. Aí, a descrição deverá levar em conta não só formato, dimensão, material, peso, cor e textura como também deverá enumerar suas partes e explicar o caráter geral referente à sua utilização.
Vamos, agora, à descrição de pessoas.
Descrever alguém não é tão simples quanto parece porque vários fatores devem ser levados em conta. Esses fatores se agrupam de duas formas: características físicas e características psicológicas. As características físicas se referem à aparência externa: altura, peso, cor de olhos e cabelos, idade, traços do rosto, voz e jeito de se vestir. Já as características psicológicas se associam ao comportamento de quem está sendo alvo da descrição: personalidade, temperamento, caráter, preferências e postura em relação a si.
O importante é perceber que uma boa descrição de alguém deve levar em conta a maioria de suas características físicas e psicológicas, além de (com bom senso) tentar associá-las. Assim, estaremos fazendo o leitor visualizar ou reconhecer o personagem da descrição. Quem está descrevendo pode ou não incluir-se no texto em alguns momentos: o fundamental é criar um impacto logo de início e manter a atenção do leitor.
Já a descrição de ambientes, paisagens e cenas deve observar outros fatores. Antes de tudo, vamos diferenciar os três: ambiente vai ser sempre um lugar fechado; paisagem vai ser sempre um lugar aberto; e cena vai ser uma ação única e contínua que se passa em determinado ambiente ou paisagem.
Para descrever um ambiente, é bom começar escolhendo uma referência no todo: uma casa, um museu, um bairro, um hospital, uma cidade. Localizado o ambiente a ser descrito, a descrição também deve abordar não só suas características físicas como também sua atmosfera, ressaltando a impressão que causa em quem dele se aproxime. Com a descrição de paisagens, é importante começar explicando o que se enxerga como pano de fundo: relevo, topografia, vegetação, etc. A partir disso, a descrição deve abordar a impressão que esta paisagem causa em quem a contempla, mencionando se ela reflete beleza ou causa uma sensação desagradável. E a cena, por sua vez, deverá levar em conta não só as características físicas do cenário como também sua atmosfera e seu pano de fundo, para que a ação única que ali se dá fique bastante explícita para o leitor.
Com isso, você já deve ter percebido que o objetivo de um texto descritivo é bem semelhante ao que visamos com uma fotografia, ou seja: é necessário que o leitor veja as imagens mentais que foram descritas pela linguagem. Paralelamente á definição do que estamos descrevendo, é necessário também observar que descrição compreende dois estilos:
1) descrição informativa- usa a linguagem referencial, dando lugar apenas aos aspectos denotativos das palavras, eliminando as ambigüidades e sendo concisa;
2) descrição pessoal- conjuga aspectos denotativos com os de natureza conotativa, utilizando as metáforas e as impressões próprias de quem descreve.
E já que estamos falando de subjetividade, vamos passar à dissertação.
Dissertação
A dissertação é o tipo de redação na qual expomos nossas idéias gerais e apresentamos os argumentos que as comprovam. Em outras palavras: dissertar é, antes de tudo, argumentar. Expondo idéias e pensamentos por meio de argumentos, podemos construir um discurso de defesa ou de crítica sobre um tema específico.
O texto dissertativo se caracteriza por obedecer a duas exigências básicas: a exposição e a argumentação simultâneas daquilo que quem escreve pensa a respeito de determinado assunto. Ou seja: o autor situa um tema e discute-o, lança sua tese e suas conclusões e procura sempre fazer o leitor concordar com o seu ponto de vista. É por isso que dizemos que a dissertação é um texto expositivo-argumentativo.
Toda dissertação pressupõe um plano de trabalho, um roteiro. Grosso modo, ele pode ser divido em:
a) introdução- que consiste na apresentação do tema abordado através da exposição de idéias, opiniões e argumentos gerais de quem escreve;
b) desenvolvimento- é a análise subjetiva dos aspectos favoráveis e desfavoráveis acerca do tema abordado e sua relação com as idéias, opiniões e argumentos (desdobrados e explicados) de quem escreve;
c) conclusão- reafirmação das idéias, opiniões e argumentos de quem escreve a partir do que foi elaborado do desenvolvimento.
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